Metodologia da pesquisa in situ

Bruno Brito
2 min readOct 22, 2023

Pra quem se dedica ao ofício da pesquisa, sabe bem do valor das fontes primárias: aqueles documentos brutos, sem interferências ou interpretações de terceiros. Sabe também do valor dos informantes vivos, indivíduos que fazem parte do contexto pesquisado e nos dão informações preciosas sobre o fenômeno estudado.

Minha ida pra pra Queluz, no “fundo” do Vale, me colocou em contato direto com estes últimos, no meu caso: produtores rurais, violeiros, fazendeiros, cozinheiros, criadores de cavalo e de porco, fazedores de barganha, queijeiros, etc.

Na foto está o Marcelinho Vermêio, ou “Vermelhão” (esquerda) e o Régis Violeiro, “filho de areias” (direita), ambos nascidos e criados ali, no sopé da Bocaina. Quem me apresentou ambos foi @rafa_bocaina, cria da serra também e amigo íntimo dos dois.

Foram muitas as coisas que aprendi com essa turma, que simplesmente parece saber tudo sobre aquele lugar: um certo tipo de vento, uma cor de estrume, um jeito do cavalo andar, as variedades de plantas, os remédios fitoterápicos rústicos. Além disso, sabem parir vacas, matar galinhas, amamentar porcos e cozinhar pirões. Sabem falar com poucas palavras, às vezes ruídos impronunciáveis, que dentro de um determinado contexto, fazem sentido no meio do diálogo (jurubeba ajuda nisso).

Se isso mudasse alguma coisa, deveriam receber estes títulos de Honoris Causa por tudo que detém e que compartilham com a gente sem custo algum.

Nunca vou me esquecer, por exemplo, da dica do Régis quando a mulinha empacou comigo: bastava emitir um barulho de peido com a boca e a mula corria na disparada!

“Macete de tropeiro véio!” — gritou o violeiro experiente, que já desceu muitas vezes o famoso caminho de Mambucaba.

Foto com Vermelhão e Régis nos ermos da Bocaininha de São Roque, onde o vento faz a curva e o drone some na mata!

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